Sobre Famílias (ou melhor, a minha família)


Eu tenho uma família que pode ser tudo, mas família não é. Só para perceberem esta minha afirmação, vou colocar aqui alguns episódios.

Eu tenho um meio-irmão, 10 anos mais novo que eu; pois nunca passei um Natal com ele. A mãe dele embirrou comigo, tinha eu uns 10 anos (quando ele nasceu, portanto), nem sei porquê; o meu pai até há uns 14 anos atrás, ora passava o Natal com ele, ora passava o Natal comigo. Desde que o meu filho nasceu, nunca mais passei um Natal com o meu pai (a desculpa dele foi que lhe fazia confusão o bebé a chorar; pois, mas as filhas do meu irmão nunca lhe fizeram confusão); sempre disfarcei, mas é uma das minhas maiores mágoas.

Nunca ninguém da família marcou presença nas festas de aniversário dos meus filhos, tivessem eles a idade que tivessem.

Eu tenho uma prima que mora nas ilhas e com quem falo de vez em quando no WhatsApp; veio cá passar 10 ou 12 dias na passagem de ano e, uns dias antes, disse-me que vinha e que queria estar um bocadinho comigo, eu disse-lhe que sim, ela que dissesse onde e quando que eu ia ter com ela; pois que veio, publicou fotos com toda a gente e mais alguma nas redes sociais (incluindo o meu irmão) e até hoje nunca mais me disse nada. 

Pois; estas merdas não matam, mas moem como o caraças. São só dois ou três exemplos, poderia pôr aqui muitos mais. Eu não chateio ninguém, não ofendo ninguém, não exijo nada a ninguém, não sou mal educada... Não percebo porque é que sou invisível; eu e os meus filhos.

Mas depois, quando têm problemas, se metem em apertos ou precisam de alguma coisa, lá vêm eles; e aqui a parva diz que sim e resolve tudo e trata de tudo, muitas vezes até prejudicando-se a si própria. Enfim. 

Mas sabem que mais? Acabou. Safem-se. Aguentem-se. Não vou mais mendigar nem um segundo de atenção da parte de quem não me quer por perto.

Comentários

  1. Complicado...

    Um pai reagir assim a um filho nosso. Sinto a dor só de ler. Nós somos adultos, conseguimos sentir e gerir essa falta, as crianças não... Imagino a fase deles começarem a fazer perguntas e a questioná-la a si, sobre eles não estarem presentes, nessas festas e afins... deve ter sido uma fase ainda mais dura.

    Quanto ao ultimo paragrafo, isso mesmo, ainda à uns dias usei uma frase para uma familiar assim " se eu não sirvo para umas coisas também não sirvo para outras", e é tal e qual, exigir e fazer pressão para lá estarmos quando precisam tem o seu limite.

    Um beijinho Natacha
    p.s. Adoro o seu nome!!!, que chique, Natacha :)

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    1. Felizmente sempre tive o discernimento e a capacidade de explicar tudo aos meus filhos sem "mascarar" a realidade, fosse pela positiva ou pela negativa; sempre respondi a tudo com a maior das simplicidades e com a verdade, explicando também sempre que possível as razões, as consequências e as formas como eles próprios poderiam lidar com as situações; felizmente eles também sempre tiveram capacidade para entender e fazer as escolhas certas na perspectiva deles; nunca tiveram uma relação muito próxima nem com o avô nem com o tio, mas também nunca rejeitaram eventuais contactos, nunca foram mal educados e sempre guardaram para eles (ou melhor, para nós) aquilo que acharam que não deviam dizer.

      Mas sim, houve alturas em que não foi fácil gerir emoções, quer as minhas, quer as deles.

      Um beijinho :)

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  2. Para começar, adorei a foto. Super fofa.

    Infelizmente acabo por perceber isso. Não tenho meios irmãos e sempre passei o Natal e as festas todas com os meus pais e irmãos, mesmo não falando com o meu pai há 18 anos, ele sempre está lá.

    Mas custa-me ver essa parte de ver família a vir cá e a não nos virem ver.

    Aliás, até acabámos por nos afastar da família toda da parte do pai, pois nunca, mas nunca souberam nos visitar.

    E só falavam mal e para isso, dispenso.

    Mas acho que fazes bem em colocar esse travão. Porque se não partilham das vitórias, como era merecido, não merecem ajuda nas derrotas, por muito que isto vá custar.

    Beijocas

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    1. Sobre a foto, é do Pixabay, utilização gratuita, tens aqui o link: https://pixabay.com/pt/illustrations/suricata-amor-por-animais-8485516/

      Sobre o resto... "família" é uma palavra, nós é que lhe atribuímos o peso que deve ter nas nossas vidas. Só percebi isto hoje (escrever este blog está a fazer-me um bem do caraças).

      Um beijinho :)

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  3. A minha família é ausente. às vezes lamento até a falta de referências para o meu filho. Mas depois "ouço" histórias como a tua, e sinto que sou na verdade, uma abençoada!
    Beijinhos

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  4. Muito triste :( Não mata mas causa muito dano! Bjs

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